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(Re)Pensar o ensino, (re)criar práticas

Um ano após a troca do quadro branco pelo ecrã, as folhas de teste pelos formulários e as chamadas do livro de ponto pelas presenças do Google Meet, acredito que está na hora de aproveitar as boas práticas online, para que possamos revolucionar o nosso sistema educativo.

Atualmente, cada vez que entramos numa sala de aula, deparamo-nos com alunos considerados nativos digitais; por este motivo e enquanto professora de História e criadora de conteúdos de aprendizagem digitais, acredito que precisamos de orientar os nossos alunos segundo uma aprendizagem significativa, baseada em trabalhos de projeto e gamificada.

Enquanto professores do século XXI, temos a obrigação de proporcionar aos nossos alunos momentos de aprendizagem das várias vertentes do saber (saber, saber-fazer e saber-ser), dotando-os assim das capacidades presentes no “Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória” (2017).

Segundo Griffin, McGaw, & Care (2012), as capacidades fundamentais acima referidas são variadas e incluem o espoletar da criatividade/inovação, o desenvolvimento do pensamento crítico, a capacidade de antecipação e resolução de problemas, a tomada de decisões e liderança, a cooperação e colaboração, o desenvolvimento da literacia e cidadania digital e, por fim, o respeito e responsabilidade, tanto nas interações diárias como no mundo digital.

E, apesar de já estarmos familiarizados com as competências para o século XXI e reconhecermos as suas mais-valias, continuamos a planificar aulas tradicionais com learning outcomes focados no professor e na capacidade de assimilação e memorização dos alunos.

Uma vez que existe unanimidade dos vários referenciais educativos quanto à inserção de tais capacidades no perfil dos alunos para o século XXI, tenho tentado centrar a minha prática na articulação e utilização de novas tecnologias em consonância com o atual currículo disciplinar. Desta forma, o foco da aprendizagem alinha-se com o desenvolvimento de competências e diferentes capacidades do saber e não apenas no cumprimento das metas curriculares.

De facto, todos os nossos professores corresponderam ao pedido - redesenharam os currículos das suas disciplinas para que, mesmo à distância, as atividades letivas continuassem a desenvolver competências como a colaboração, o pensamento crítico, a comunicação, o respeito, a empatia e a curiosidade.

A passagem do registo presencial para o online exigiu uma mudança além do tecnológico. Na verdade, tornou-se necessário repensar estratégias pedagógicas que se adequassem à distância mas que, de certa forma, aproximassem alunos e professores.

Se o principal objetivo de um professor é que os alunos adquiram competências e as relacionem com os conteúdos previamente leccionados, qual é o papel que o professor deve adotar no decorrer deste processo?

De acordo com Wan & Gut (2011), citando Alvin Toffler, "os analfabetos do século XXI não serão aqueles que não sabem ler nem escrever, mas sim aqueles que não podem aprender, desaprender e reaprender".

Esta máxima tornou-se numa das minhas principais motivações para alterar o meu ensino das disciplinas de História e Geografia, transformando as minhas aulas segundo uma perspetiva construtivista. E, no decorrer da minha prática e partilha pedagógica, tenho vindo a aprender que os alunos atribuem maior significado às suas aprendizagens se trabalharmos segundo uma metodologia ativa que lhes permita experimentar, errar, refletir e seguir o seu ritmo.

Procurando diariamente cativá-los para a aprendizagem da História, todos os meus alunos são chamados a ter o seu papel e importância na minha sala de aula. A metodologia projetual, em ensino presencial ou à distância, permite-lhes construir os seus próprios conhecimentos através de interações com o mundo, entre pares, comigo, enquanto professora e com os recursos que coloco à sua disposição; porque o fator humano e relacional é tão valioso quanto qualquer ferramenta de aprendizagem. Segundo Dewey (1963) “É graças a uma forma recíproca do professor e dos alunos que se faz este crescimento, o professor recebe, mas não tem medo de dar. O ponto essencial a reter é que o projeto cresce e toma forma graças a um processo de inteligência socializada”.

Contudo, apesar de ter sido a pandemia a causa que nos fez repensar os modelos pedagógicos utilizados, não devemos permitir que seja a única, nem tampouco a justificação para a integração da tecnologia na sala de aula.

Devemos então aproveitar as boas práticas emergentes da Escola Virtual, atualizando o nosso sistema educativo de forma significativa. Este é um desafio que já foi iniciado pelos professores, que por força das circunstâncias e pelo superior

interesse dos seus alunos, o abraçaram, superando expectativas, contra todas as adversidades deste período.


Continuemos, em conjunto, a (re)criar práticas que nos aproximem e que dêem um significado real, pessoal e verdadeiro às aprendizagens dos nossos alunos.

———————————————- Joana Simas Coordenadora de 2º Ciclo do PaRK International School, Alfragide Head of EdTech and Technology Integration Professora História e Geografia de Portugal Ofereço aos meus alunos vários caminhos para a aprendizagem: o verdadeiro sucesso é baseado no conhecimento, no controlo dos materiais e na capacidade de aprender a pensar por si próprio. Através da utilização da plataforma de jogo Minecraft: Education Edition, os alunos podem trazer vida à História, recriá-la e apropriar-se da mesma, dando um significado pessoal e verdadeiro à sua aprendizagem. Deste modo, vemos os conteúdos da nossa História interligarem-se numa ação multidisciplinar, onde são levantadas questões cujas respostas são alcançadas por cada um dos alunos com diferente grau de complexidade e abstração. O Minecraft contribui para o desenvolvimento das diferentes áreas do saber e permite-me, simultaneamente, chegar aos meus alunos da maneira mais natural, ativa, inclusiva e intuitiva possível. Esta plataforma mudou, definitivamente, a forma como leciono o currículo nas minhas aulas. É uma tela em branco, uma ferramenta que lhes permite criar de forma orientada mundos dentro dos quais a História vive.

 
 
 

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