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Platão: a Alegoria da Caverna como elemento primitivo da construção de um pensamento político

Platão, filósofo e matemático da Grécia antiga, defende que o verdadeiro conhecimento não é adquirido de forma imediata: só é atingido após muita reflexão e prática deste mesmo. A filosofia é um esforço que nos permite de atingir a liberdade intelectual, isto é, dá-nos a possibilidade de pensar por nós-próprios, não dependendo das opiniões veiculadas pelos outros.


A alegoria da caverna, apresentada pelo mesmo, ilustra o conceito há pouco referido: é necessário libertarmo-nos das correntes para conseguirmos, finalmente, ver a luz e a beleza por completo. Contudo, não se trata de um processo fácil: sair da nossa zona de conforto, para nos darmos de caras com uma realidade que desconhecemos, pode ser assustador. Em contrapartida, basta haver um Homem corajoso e com sede de descobrir uma faceta do mundo desconhecida para, a pouco e pouco, dar a oportunidade aos outros Homens de fazer o mesmo.


Embora Platão tenha escrito e especificado o seu pensamento político em diversos textos, não o tendo propriamente reforçado na alegoria, a representação da saída da caverna apresenta alguns elementos fundamentais na formação deste mesmo pensamento.


Aquele que se desprende das correntes em primeiro, conseguindo assim fugir da escuridão para a luz, presencia em primeira mão a euforia de ter atingido algo tão precioso. Tem a possibilidade de estruturar a sua própria visão desta nova realidade e, consequentemente, o dever de incentivar aqueles que no escuro ainda se encontram, a seguir o mesmo caminho. Para tal, é necessário retornar à caverna para convencer os outros a seguirem-no, evitando a criação de uma rotura, permitindo aos indivíduos de conhecer o desconhecido e apreciar a luminosidade por si próprios: eis o que Platão descreve como sendo uma sociedade ideal, a harmonia de viver numa comunidade em que as pessoas têm acesso ao conhecimento, conhecimento este que lhes permitirá de atingir a liberdade necessária na formação dos seus pensamentos e lhes dará vontade de puxar o próximo para fora da obscuridade. Tal como Sócrates deu as ferramentas necessárias para que Platão pudesse autonomizar-se na maneira de ver a organização da sociedade onde vivia, Platão comprometeu-se a realizar o mesmo trabalho na Academia de Atenas: voltando para a caverna, relatou e explicou o que existe no cimo. O conceito de Justiça, predominante na sociedade idealizada pelo filósofo, fica cada vez mais presente na medida em que todos os Homens têm o direito e a possibilidade de sair da ignorância, dando-lhes a dignidade de serem julgados e tratados como iguais, mesmo havendo divergências.


Platão, através desta reflexão, demonstra-nos que a única forma de atingirmos a Luz passa pela saída do buraco da ignorância. A harmonia que se constrói acabando com a desigualdade entre aqueles que conhecem e aqueles que ainda desconhecem leva-nos a que a sociedade se torne mais justa, tanto socialmente como politicamente.


Teresa Alves

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