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Não é só mais um título no LinkedIn, no Currículo ou o sinónimo de uma boa nota


Ser tutora de uma cadeira da Faculdade não é só mais um título no LinkedIn, no Currículo ou o sinónimo de uma boa nota. É uma experiência ou diria, melhor, uma oportunidade, que, por detrás, pode contar uma história muito maior. Quantos não são os “Quero desistir!”, “Não aguento mais!”, “Não é isto que quero fazer na minha vida!”, que ouvimos, tanto discretamente por alguns corredores, nalguma conversa num bar, como, até mesmo, muitas vezes, na nossa própria cabeça? Quantos não são os “Não sou capaz!” que ecoam por inúmeras cabeças daqueles que nos rodeiam naquelas quatro paredes, daqueles que nos são estranhos, mas, que afinal, têm tanto em comum connosco? Na realidade, não digo que se aplique a todos, mas, pelo menos, a uma grande parte, arrisco a dizer que sim. Recordo o primeiro dia em que entrei na faculdade: nervosa, por entrar num mundo novo, mas, igualmente, expectante, sonhadora, ansiosa por começar aquele que seria o início de uma nova etapa. Todos desejamos que o início do nosso caminho seja bem-sucedido, que prometa ser tão bom quanto aquele que colorimos na nossa cabeça. Contudo, se há algo que é certo é que uma coisa é o que desejamos, outra, é o que, efetivamente, o futuro nos guarda: e, a mim, guardou-me, no início desta etapa, uma absoluta desilusão com a escolha que há três meses havia tomado. Reservou-me dúvidas, desânimo e falta de esperança em relação ao que poderia vir daí em diante. A verdade é que, quando parece que o sol se recusa a brilhar-nos, é importante fazer balanços, estabelecer objetivos e perceber como os alcançar. Recusava-me a ser um mero número, resumida a avaliações de cadeiras que pouco me diziam na altura. Era momento de procurar novos interesses, atividades e experiências que me permitissem ser mais do que dois dígitos na escala de 0-20 ou em qualquer outra escala, visto que parece que a última não existe... Se há receita exata para alcançar os nossos objetivos? Não, mas a determinação, a persistência e o foco são, sem dúvida, ingredientes com os quais, pelo menos, podemos contar para a compor. Tudo o resto virá naturalmente. E assim foi! O gosto pelas cadeiras e pelo curso também surgiu e um certo trilho começou a desenhar-se. Umas vezes, com mais pedras pelo meio, outras vezes, nem tanto. O que importa é que ele finalmente surgiu e a evolução da sua construção só depende de nós próprios. Por este trilho, surgiu, felizmente, a oportunidade de ser tutora de uma cadeira que me marcou no segundo ano. Teria agora a oportunidade de estar no lugar daqueles para quem olhava com inspiração no primeiro ano, que nos ajudavam, nem que fosse um bocadinho, a encontrar alguma luz na escuridão e na confusão que caracterizavam algumas cadeiras. Comprometia-me, assim, a ter um papel semelhante no percurso daqueles que viriam a viver uma situação que, provavelmente, já havia sido a minha. Desta forma, facilmente percebi que ser tutor é compreender e reconhecer as dificuldades que outrora sentimos e tentar mitigá-las. É proporcionar àqueles que vivenciam o que já vivenciámos as ferramentas que queríamos ter tido e que precisávamos, mas na altura não tínhamos, ou simplesmente, não sabíamos que nos eram bem-vindas. É aprender com aqueles que já foram tutores e com alguns professores, também, as melhores formas de conseguir chegar aos nossos colegas. É, sobretudo, perceber que, se nos colocarmos no lugar do outro e lhe dermos as ferramentas que precisa para continuar a construir o seu trilho, também nós teremos outras ferramentas para continuar a construir o nosso e, juntos, se calhar, teremos um caminho mais forte, nítido e sólido. Afinal, ser tutora não é só mais um título no LinkedIn, no Currículo ou o sinónimo de uma boa nota. É uma oportunidade que, muitas vezes, conta uma história maior por detrás... No meu caso, de perseverança e determinação, que me permitiu continuar a construir o meu trilho com motivação.


Marta Beleza Costa

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